Numa altura em que é conhecido que a ANA-Aeroportos bateu todos os recordes a nível de lucros (mais de 300 milhões de euros em 2022) não é aceitável que continue ano após ano a aumentar as taxas aeroportuárias, prejudicando o País e em particular a Região Autónoma da Madeira.
A ANA-Aeroportos pretende aumentar no ano de 2024 em média 14,55% as taxas dos Aeroportos nacionais que é concessionária.
Os aeroportos da Madeira e do Porto Santo que continuam a ser os do País com taxas aeroportuárias mais elevadas vão ter um aumento de 7,92%.
O anúncio deste aumento já fez com que uma companhia aérea que opera na Região reduzisse a sua atividade.
Dez anos após a entrega da concessão por 50 anos dos aeroportos nacionais a uma multinacional estrangeira, a Vinci, está à vista de todos que esta foi uma opção que penalizou o País e a Região.
Prometeram que as taxas aeroportuárias dos aeroportos da Madeira e Porto Santo iriam convergir com as taxas aeroportuárias do aeroporto de Lisboa, o que aconteceu foi precisamente o inverso, ou seja, todas as taxas subiram, mas as do aeroporto de Lisboa subiram a um ritmo mais elevado.
A Vinci embolsou de lucros em 10 anos mais do que pagou pela ANA, e ainda tem mais 40 anos de concessão para continuar a embolsar.
Os investimentos nos aeroportos nacionais foram reduzidos em mais de 50% desde a sua privatização. A ANA passou a espremer os utilizadores dos aeroportos, passageiros, companhias aéreas e empresas prestadoras de serviços; as rendas e os alugueres a disparar, incluindo nos parques de estacionamento; a exploração a aumentar, com o número de trabalhadores a diminuir apesar do crescimento da operação (entre 2012 e 2022, os passageiros passaram de 30,5 milhões para 55,7 milhões, e os trabalhadores do Grupo ANA passaram de 3056 para 2393.)
No que diz respeito a uma Região Insular como a nossa, em que os aeroportos são a principal porta de entrada e de saída, que têm uma importância estrutural na nossa mobilidade e desenvolvimento económico, não podemos deixar que interesses alheios à nossa Região, que a “gula” de uma multinacional estrangeira e dos seus acionistas pela maximização dos seus dividendos ponha em causa o desenvolvimento económico da Região e a mobilidade de quem aqui reside.
Perante esta realidade o deputado do PCP, Ricardo Lume, entregou na Assembleia Regional um voto de protesto pelo novo aumento das taxas aeroportuárias que recomenda ao Governo da República e ao Governo Regional que intervenham no sentido de impedir este novo aumento que limita o direito à mobilidade dos madeirenses e porto-santenses e condiciona o desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira.