Resposta ao “convite” para a constituição de uma “coligação autárquica”, apresentado pelo PS

O Partido Socialista, em Novembro de 2012, apresentou publicamente um convite para “coligação autárquica” no concelho do Funchal, assente na “reunião de todos os partidos da oposição na Região Autónoma da Madeira”.

Tal convite, depois da devida ponderação e após um vasto processo de auscultação e reflexão, leva-nos às seguintes considerações e à nossa resposta:

 

- Qualquer proposta, para ser seriamente considerada, tem de partir de propósitos claros e de pressupostos sérios. Nada disso está presente naquilo que embora apresentada por alguns como uma proposta não ultrapassará as fronteiras de uma operação destinada não a chegar ao que se propõe mas sim a ser utilizada para atingir fins e objectivos próprios.

- Qualquer observação séria e desapaixonada facilmente conduzirá à constatação de que não estão reunidas quaisquer condições para a proposta de coligação, especialmente se tivermos em linha de conta as seguintes razões:

- Pela sua génese, determinada não pela procura de qualquer construção séria que um problema desta dimensão exigiria mas por critérios que pela sua expressão irresponsável mais parecem destinados a obter pela óbvia recusa de terceiros capital de queixa do que a conduzir ao que falsamente se diz pretender;

- Pela completa ausência de princípios patente em soluções ditadas pelo objectivo de somar tudo o que se preste a ser somado numa lógica onde o projecto nada vale e o poder é tudo quanto se diz ambicionar, patente na junção de forças com projectos antagónicos, com práticas contrárias a que uma gestão séria e competente exigiria; e

- Pelo indisfarçável objectivo de hegemonização patente na proposta, em que quem a propõe busca conseguir a credibilização que o seu percurso quer na política local, regional ou nacional se tem encarregado de destruir.

Quem, como o PS, em mandatos recentes formalizou coligações com o CDS-PP, e que ainda há meses admitia novamente o CDS-PP como parte do que agora propõe e se dispõe a trazer para ela tudo o que mexa da extrema ao populismo mais ridicularizável não receberá, de todos quantos aspiram de facto a uma convergência à esquerda ditada por princípios, o mínimo, de crédito.

Num quadro em que a inexistência da possibilidade de uma convergência construída na base de princípios e de um programa sólido, coerente e de esquerda, mesmo que desejável, não está à vista concretizar no futuro imediato, torna ainda mais necessária a afirmação da CDU – Coligação Democrática Unitária como um amplo espaço de participação democrática e unitária, que muito para lá das fronteiras das forças políticas que lhe dão suporte político, une em torno de um projecto e propósitos claros todos quantos independentemente das suas opções e posicionamentos mais gerais trabalham para a elevação das condições de vida e o desenvolvimento local.

O reconhecido valor do projecto da CDU, a comprovada garantia que dá enquanto condição de uma gestão democrática e participada ao serviço das populações designadamente dos mais carenciados e o papel indelegável que desempenha nas autarquias, tornam hoje ainda mais decisivo o reforço da sua influência e das suas posições enquanto condição de defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo, de promoção das suas condições de vida e de combate às injustiças e desigualdades.

Um valor e um espaço próprio – o que a CDU reconhecidamente preenche – de que não prescindirá de afirmar tanto mais quanto na ausência de uma qualquer solução séria, coerente e sólida que corresponda às aspirações dos que sinceramente aspiram a abrir espaço a uma verdadeira política de esquerda.

Sublinhando a importância das eleições autárquicas de Outubro próximo na afirmação e reforço da presença dos eleitos da CDU e do seu trabalho, honestidade e competência, o PCP/Madeira sublinha que a questão mais decisiva que se coloca a todos os madeirenses que desejam uma outra política que assegure um futuro digno é o da luta pela rejeição do Pacto de Agressão que PSD, CDS-PP e PS subscreveram com a Troika estrangeira, pela demissão do actual governo e pela derrota da política de direita que no plano nacional e regional está a condenar milhões de portugueses para a miséria e o país para o abismo económico.

A Comissão Executiva do PCP/Madeira